quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eles insistem em procurar não sei o que em mim. Em tentar entender dentro de sua limitada compreensão. Eu não quero. Eles não querem me ouvir. Enquanto eu exista, não há forma de impedi-los. A saída não era somente fechar a porta. Era preciso sair de todo e qualquer lugar onde eles pudessem me encontrar. Peguei uma nave de nome que eu não sei. Eles adoram colocar nomes às suas criações, eu não sei por quê.

Ainda conseguem se comunicar, mas eu faço de conta que não estou. Eles me mandam mensagens, me perguntam onde e como estou. Eles não entendem que eu não quero responder nada. Eu não respondo. Eu gostaria que eles me ignorassem. Eu mesma ignoro. Eu não sei quem eu sou. Eu não me pergunto. Às vezes me pergunto e não me respondo. Eles não entendem como funciona. Eu não os entendo.

Eu não sei mais onde estou. Estou longe, mas não é o suficiente, nunca é o suficiente. Eles sempre me encontram. Eles sempre conseguem entrar em contato. Eu posso senti-los. É sempre o mesmo, com intervalos de tempo maiores ou menores. Eles continuam procurando não sei quem. Eu não sou. Eles querem que eu faça parte. Eu quero ser só. Eu não me importo com eles. Eu não me comporto como eles.

As pessoas atropelam umas às outras. Eles não sabem como estou. Atravessando um cruzamento com o mínimo de segurança. Enquanto eles se atropelam. Entre eles mesmos. Entre palavras, perguntas e respostas. É nada que eu queira. Estar entre eles. Eu não consigo. Acompanhar. Atropelar. Perguntas e respostas que não fazem sentido. Eu farei tudo o que for preciso para que nada mais seja preciso.